O Mundo dos Mortos, MDM, Reescrita ♥


Só pra deixar todo mundo informado, não sei se lembram da época remota quando comecei a escrever e eu postava um tipo de web novela láááá no orkut. Só pra sentir o drama da era paleolítica  da qual estou me referindo. O nome dessa web novela era O Mundo dos Mortos e o nome da saga era Borboletas Negras. Só pra constar, Borboletas Negras NÃO EXISTE nessa versão 1.0 de O Mundo dos Mortos. O título do livro será preservado. No entanto, alguns itens e personagens serão extintos e guardados lá no fundo do baú. Ou do HD, nessa era digital que vivemos. 

De qualquer modo, estou reescrevendo a saga inteira e eis o novo prólogo do primeiro livro. O prólogo da web novela tinha, assim, 3 linhas. Era simples e direto. Esse é mais explicativo e precede uma Nota da Autora bem interessante. Por enquanto vou postar somente o prólogo, pra todos terem uma noção de como está ficando. Eu particularmente gosto infinitamente mais da versão nova porque não tem muita lenga lenga e a Belinda está mais do jeito dela. A personalidade do Mikael ficou mais marcante e mais do jeito dele nesse primeiro livro. Enfim, está aí o prólogo. Enjoy (:

[...]

PRÓLOGO
  
APÓS o fim do mundo, várias coisas mudaram. Você pode rir da colocação dessa frase, mas não é tão engraçado para quem ficou, para quem continua sobrevivendo, lutando por sua vida dia após dia depois do armagedom.
Nós somos poucos. De novo, você pode estar rindo e, de novo, eu digo que não é engraçado. É difícil encontrar alguém vivo nas atuais condições do mundo, meses de calor intenso e então a ampulheta vira, contando os dias até o fim do inverno, o fim da neve. Logo aqui, que nunca nevou. Não que eu me lembre disso. É difícil se lembrar de alguma coisa antes da Última Guerra, aquela que culminou de uma vez por todas na destruição da humanidade.
Explosões. Gritos. Choros. Desespero – é essa a palavra que descreve bem o cenário daquele dia. Não havia uma pessoa que não estivesse desesperada. Você olhava em seus rostos, o rosto de cada um que assistia as armas acabarem conosco, os homens e mulheres perderem suas vidas, tombando inertes como se fossem sacos cheios de areia. As crianças que choravam sem saber o que fazer sem seus pais. E então as crianças que também eram assassinadas cegamente por pessoas que já tinham passado do estado inicial da loucura. Você via em seus semblantes que ninguém sabia como as coisas tinham chegado àquele ponto.
Eu tenho uma teoria, mas você não quer ouvi-la. Ninguém nunca quer. Ela é triste e pessimista, mas é o mais próximo do real que consegui chegar.
Terceira Guerra Mundial. Um novo Hitler para nossa nação. Foi o estopim – o primeiro passo para a decadência de hoje.
Se você olhar para fora da janela hoje e ver apenas um grande deserto arenoso com construções demolidas espalhadas aleatoriamente, a culpa é do primeiro que disse: “Precisamos dar um jeito neles”. Foi assim que tudo começou. Primeiro as discussões diplomáticas, aparentemente cheias de etiqueta. Aquilo era uma enorme faixada para cobrir seus verdadeiros motivos. No fundo, eles não queriam uma solução – eles queriam a guerra. A Última Guerra. No fim, ninguém mais sabia qual tinha sido o começo.
E a minha teoria, não, você não vai querer ouvi-la. Ela não culpa Deus, nem sequer o Diabo. Ela não culpa a natureza ou os efeitos climáticos. A minha teoria culpa os homens e somente eles.
Ah, e claro, a minha mãe.
Vi as fitas e vi seus discursos moralistas. Era muita hipocrisia para uma pessoa apenas. A ética era seu assunto preferido, mas em seus laboratórios, a principal pesquisa era humana. Experiências humanas. E esse foi um dos principais fatores que começaram com a Terceira Guerra. Mas ao invés de parar e dar um fim em tudo quando as coisas começaram a vazar, minha mãe simplesmente recrutou mais mulheres para suas experiências e mais cientistas passaram a ficar do lado dela.
Porque ela dizia que construiria um novo mundo muito melhor do que aquele no qual eles viviam. Pelo que sei, as fotos que vi e os vídeos que assisti, não há como o antigo mundo ser pior do que esse de agora. As alegações de minha mãe eram claras e específicas: aqueles bebês mudariam o mundo.
E mudaram – tenha certeza disso.
Mas não foi para melhor.
Na verdade, toda a pesquisa dela continha um erro, um único erro que fez as coisas todas desandarem de uma maneira magnânima e alcançou proporções mundiais. É claro que tudo começou no laboratório dela. Uma pequena sala no subterrâneo de algum lugar escondido sob São Paulo. Ninguém sabe onde é e até hoje ninguém tentou encontrar o lugar. Porque lá é o berço, o ninho deles, e ninguém, absolutamente ninguém quer ver um deles nascendo, forte, cheio de vida.
É por causa disso que não consigo gostar da minha mãe. Você pode chamar de insensibilidade, mas eu mandarei você para o inferno descobrir o que é ser sensível. Você não sabe o que ela fez – você nem faz ideia. Porque, se fizesse, você me mataria e sorriria aliviado ao fazer isso.
Definitivamente.
Nasci numa época conturbada. Eu nasci no ano em que começaram as guerras, um pouco depois das discussões. Depois disso, tiros, bombas e tudo o mais que você possa imaginar. As experiências dando errado uma após outra. Os bebês nascendo. Canções de ninar foram esquecidas e deram espaço para o absoluto silêncio da noite. Bebês não podiam chorar, do contrário denunciariam o esconderijo de seus pais e, com isso, muitas pessoas morreriam na mão deles, na boca deles.
Não foi uma boa época para nascer. E, se você me pedir para ser sincera, eu ainda diria que não são bons tempos para um bebê vir ao mundo. Porque o futuro parou de estar nas mãos das crianças.
Agora ele está nas mãos deles.
Zumbis. 

Comments
One Response to “O Mundo dos Mortos, MDM, Reescrita ♥”
  1. http://literarioecultural.blogspot.com.br/2012/09/autores-nacionais-amanda-steilein.html

    Heey (:
    Já te apresentei lá no blog.

    Beeeijos!

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