Resenha: Elantris, por Brandon Sanderson

O que está escrito na contracapa é correto: Elantris irá te fascinar como qualquer livro do George Martin e o universo de Game of Thrones. Com uma narrativa mais leve e mais rápida, em Elantris sempre está acontecendo alguma coisa. As personalidades das personagens são muito bem construídas, de forma que todas elas têm a sua pequena porção de importância na história.

No decorrer do livro, temos três narradores, todos em capítulos alternados: Raoden, Sarene e Hrathen. Todos esse POV têm a sua importância e as suas características, de forma que nenhum deles se torna maçante, assim como nenhum deles é irritante. 

Em relação aos cenários, eles são descritos de uma forma impecável, de forma que podemos imaginar muito bem aonde nossas personagens preferidas estão. Arelon é a cidade dourada e do pecado, enquanto Elantris é a cidade que um dia resplandeceu, mas agora nada mais é do que lodo, tristeza e sujeira. 

Há dez anos atrás, quando alguém era atingido pela Shaod (uma dádiva que transformava um cidadão de Arelon ou Teon), essa pessoa se transformava quase em um deus, com cabelos esbranquiçados e pele quase translúcida. Além disso, eles podiam utilizar uma espécie de força interior (para você entender: uma espécie de força, como em Star Wars, ou uma espécie de ki, como em Dragon Ball), o que servia para que eles realizassem curas, transformassem coisas simples em comida, se teletransportassem, esse tipo de coisa. Então, em um belo dia, um terremoto rachou a terra e fez com que todos em Elantris se tornassem aberrações, criaturas com machas negras na pele que não podiam mais usar o ki. Como antes os elantrinos governavam todo o império, essa súbita mudança em sua fisionomia fez com que o reino de Arelon (uma das quatro cidades próximas à Elantris) caísse, o que resultou no isolamento de todos os elantrinos "caídos" em Elantris, sem poder sair e sem receber nenhum tipo de comida, roupa ou qualquer outra coisa que os ajudasse a ter uma vida digna. Foram esquecidos, trancafiados em Elantris em sua própria dor. Depois disso, a Shaod ainda atingia as pessoas, entretanto com o efeito inverso - transformava-as em monstros ao invés de deuses e, assim, todos aqueles que eram atingidos eram tratados como mortos e enviados à Elantris sem volta.

Com a queda de Elantris, praticamente todos os reinos vizinhos caíram também, o que resultou em uma enorme guerra para ver quem ficaria com o poder. Enquanto isso, os sacerdotes de cada religião tentavam impôr a sua, mas foi o Shu-Dereth que conseguiu a predominância total e tentava impôr as suas crenças à base de força e sangue (neste ponto, o autor parece querer retratar algo como o cristianismo antigamente).

Em meio à crenças religiosas, reis que não sabem governar e um sacerdote encarregado de converter uma nação para impedir mais uma guerra sangrenta, temos vários conflitos políticos - tanto em Elantris quanto em Arelon. Toda a trama intrincada combinada com a personalidade decidida das personagens nos faz devorar o livro em pouco tempo. Elantris é, sem dúvida, uma leitura altamente indicada. É o tipo de livro que você não se arrepende de ter gasto horas para ler mais de 500 páginas, porque você simplesmente nem percebe o tempo passar.



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