Deixando ir

Neste momento, é nisso que ela pensa. Talvez, apenas talvez, as coisas dessem certo. Dias difíceis estavam por vir. Ela já não tinha mais certeza do que acreditava, de seus ideais. Ela olhou para o rosto dele, sereno e pacífico, enquanto ele dormia. Parecia que nada no mundo podia acordá-lo, mas ela sabia que qualquer movimento brusco que ela fizesse, iria acordá-lo em um pulo. Ela não queria isso, é claro. Ela só queria ir embora sem que ninguém saísse ferido por sua causa. Sabia, porém, que sua fuga na calada da noite iria deixá-lo furioso, mas sabia também que numa discussão sobre o assunto, ele jamais a deixaria ganhar. Era um risco que ela não podia correr. Fechou os olhos por alguns segundos e pensou nas consequências da sua decisão. Ela havia pensado muito sobre aquilo. Mais vezes do que podia contar. Sabia muito bem o que aquela atitude lhe traria e já estava conformada com aquilo. Ela nunca mais o veria e talvez fosse melhor assim. Para ele, com certeza. Para ela... bem. Ela teria de aprender a viver com a sua ausência. Não era uma escolha. Era a coisa certa a ser feita. Às vezes, as pessoas simplesmente tem de ir embora. E não há nada que se possa fazer à respeito.



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