"Sobreviver é apenas o começo."
"Será que a Cinderela chegara a cogitar a possibilidade de confessar a verdade para o príncipe na noite que se divertira com o belo vestido de baile? Será que chegara a pensar em dizer que, ah, por falar nisso, Príncipe, a carruagem não é minha, sou apenas uma criada suja e descalça e essa aparência não vai durar muito tempo? Não. Ela tinha aproveitado cada momento. E fora embora discretamente depois da meia-noite."
Sabe o que dizem sobre julgar um livro pela capa? É impossível não julgar Starters pela capa. Quando eu comprei, ele estava entre Estilhaça-me e Um Mundo Brilhante, os quais também possuem capas bonitas. O que chamou a atenção foi a garota em primeiro plano e a capa espelhada e em alto-relevo. Adoro capas em alto-relevo. Tirando os aspectos físicos, foram as impressões. Entre Starters, Um Mundo Brilhante e Estilhaça-me, eu tive uma premissa de que ambos são distopias. Corrijam-me se eu estiver errada. De todo o modo, Starters foi o que mais me chamou atenção pela capa e pelas impressões passadas por ela. Ficção científica. Eu simplesmente amo ficção científica. E ficção científica misturada com distopia... bem, descobri meu fraco.
Em Starters, os Estados Unidos é isolado do restante do mundo devido as consequências da Guerra dos Esporos, uma guerra altamente química. Antes dos esporos serem lançados contra os EUA, as crianças até dezesseis anos e os idosos tomaram uma vacina contra esses ditos esporos, por serem mais frágeis do que os adultos. No entanto, não houve tempo para vacinar o restante das pessoas, de modo que quando esses tais esporos foram lançados, toda a população que não fora vacinada pegou essa tal doença fatal. As crianças são chamadas de Starters. Os idosos são chamados de Enders (entendam o trocadilho). Devido a isso, o resto do mundo cortou totalmente relações com os EUA, isolando o país. É bem interessante a crítica sutil que a autora faz nessa parte do livro, em relação ao México que, neste futuro alternativo e distópico, ergueu um muro para evitar que americanos cruzassem a fronteira.
Depois do fim da guerra, as crianças ficaram órfãs e quem não tinha parentes idosos, acabou fugindo e sobrevivendo por conta própria ou então sendo mandados para estes supostos orfanatos. Com a drástica diminuição da população, os Enders criaram maneiras para prolongar a vida o máximo possível. Dentre elas, surgiu uma empresa clandestina que coagia os Starters (primeiramente os sem família, e desesperados por dinheiro para sua sobrevivência) a cederem seus corpos para os Enders velhos e decrépitos utilizarem pelo período de tempo pelo qual pagassem.
É a partir daí que toda a história começa. Que é basicamente no terceiro ou quarto capítulo do livro. Callie é uma Starter que, assim como muitos outros, não tem nenhum outro parente vivo, além de seu irmão mais novo, Tyler, que além de tudo sofre de uma doença incurável dos pulmões.
O livro é repleto de suspense e ação do começo ao fim. Adorei a forma do enredo e a ligação entre uma situação e outra. A escrita da autora, Lissa Price, é muito boa e Callie não é uma daquelas mocinhas Maries Sues que sempre precisam ser salvas o tempo inteiro. Ela sabe se virar. Na verdade, quem irrita é o mocinho tremendamente... lento? O romance no livro é bem fraco e a relação mocinho/mocinha não é muito bem trabalhada. No entanto, isso é perdoável porque o foco do livro não é o romance da Callie, mas sim a relação entre os Starters e os Enders, mais a empresa clandestina, Prime Destinations.
Em suma, o livro inteiro é muito bom e o final , embora satisfatório, dá aquele gostinho de quero mais, além de uma deixa perfeita para a continuação, Enders. Ademais, não me arrependo de ter comprado Starters ao invés dos outros livros que estavam ao lado dele. Afinal, às vezes julgar um livro pela capa, não é tão ruim assim.
