Devaneios #2


O meu preconceito - sim, eu o possuía - sobre livros brasileiros evaporou quando eu li A Batalha do Apocalipse de Eduardo Spohr pela primeira vez. Eu não confiava na imaginação de um autor brasileiro até então por N motivos. Talvez porque todos os livros brasileiros que eu até então tinha pegado na mão falava sobre enxadas, sertão e aquela linguagem do tipo povão que eu não curto em livros. Eu sei, eu sei. É Brasil, é cultura. Mas eu não gosto deste tipo de literatura e ponto. Mas eu generalizava. Porque eu pensei que um brasileiro inventando alguma coisa como A Batalha do Apocalipse provavelmente iria gerar orgia generalizada e enredo pobre de complexidade. Como todos sabem por minhas resenhas anteriores, quebrei a cara lindamente assim que comecei o primeiro capítulo de ABdA. E alguns podem pensar "Nossa, mas que garota fútil", mas eu não ligo. É meu tipo de literatura preferida e eu gosto de fantasia. Mas foi Eduardo Spohr que me fez acreditar - mesmo indiretamente - no potencial dos outros livros brasileiros e não só nos de fantasia. Foi por causa disso que li Dom Casmurro. E adorei, claro.
Mas minha esperança nos autores nacionais não começou apenas ali. Nos publicados, sim, mas nos independentes, nos nossos guerreiros, não. Eu posso dizer que o primeiro livro não publicado de um NAN que eu li foi da Patrícia Camargo, Rubro. A partir daí foi uma sequência de acontecimentos malucos. Comecei a acreditar mais no que eu mesma escrevia e corri atrás dos meus sonhos superando os meus medos e receios e dando literalmente a cara a tapa. O pânico de levar um "não" foi aniquilado da minha cabeça e eu resolvi que se eu não tentasse, se eu não me colocasse em provação, eu nunca ia conseguir o que eu realmente queria, que era ser uma escritora. É óbvio que é difícil levar um não. É terrível ter de riscar mais uma editora da sua lista e ir correr atrás de outra. É difícil, muito difícil. Você se faz perguntas, você lê seu livro, você o revisa, reescreve, faz alterações e tenta de novo. É assim - foi isso que fiz. Não desisti. Porque não podia. Não que alguém estivesse me dizendo isso. Eu não podia desistir porque se não decepcionaria à mim mesma e isso é pior do que decepcionar aos outros. O melhor é se aperfeiçoar cada vez mais. Ler, escrever, observar, vivenciar. Fazer o que você ama com o coração. Escrever se tornou para mim uma necessidade. É parte de quem eu sou. Quando escrevo, as coisas parecem fazer algum sentido para mim e eu não me importo se isso soa estranho ou se isso não faz nenhum pingo de sentido para os outros. Eu me entendo no meu próprio universo e ele é as letras, as palavras, as minhas histórias. Possa ter quem não acredite em mim, quem critique e quem não goste, mas foi assim que aprendi, amadureci e, principalmente, não desisti.


Comments
2 Responses to “Devaneios #2”
  1. Anônimo says:

    Fechou Amandis. u.ú #lixandounha
    Concordo plenamente contigo!

  2. Por isso te adoro! <3333
    Eu também tinha esse preconceito. Ainda não li ABdA, mas foi Alma e Sangue da escritora cearense Nazarette Fonseca que me fez tomar gosto por literatura nacional. Foi Rubro da Pat que me fez acreditar em livros jovens. Eu duvido que hoje em dia eu viva sem outra coisa se não fosse por essas pessoas. Só tenho a agradecer! (:

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