[Conto] Sally - Parte II

O despertador sempre parece berrar demais. Sua cabeça sempre parece doer mais do que no outro dia. Seu corpo sempre dói mais do que da última vez. Ela queria ser capaz de fazer sua boca sorrir, mas tudo que ela conseguia era uma careta desgostosa. Era exagero e ela sabia, mas não conseguia mudar o que sentia. Fazia uma semana que ele não ligava para ela e Sally era orgulhosa demais para telefonar para ele e perguntar como ele estava com a sua nova garota.
Sally era orgulhosa demais para admitir que sua melhor amiga era a nova garota dele. Como ela pôde? Como ela pôde fazer isso com ela? Não havia uma regra que dizia que as meninas, quando são amigas, não fazem esse tipo de coisa umas com as outras? Ele era o melhor amigo dela, sua paixão secreta. E Margoth sabia. Ela sabia e mesmo assim estava com ele. Sally viu o beijo. As mãos dadas. Os olhares, os abraços. Sally sofreu, sentiu seu coração acelerar e sentiu quando este explodiu em um milhão de pedaços. Ela entendeu o que as meninas sentiam quando choravam e diziam que achavam que iriam morrer. Sally achava exagerado – até então. Talvez não fosse tanto para achar que ela estava morrendo, mas o suficiente para achar que todo o amor, toda a paixão que ela jurava que sentia tinha se transformado no mais puro ódio que havia na face da terra.

Tão ilusório. Ela jamais deixaria de amá-lo.

Sally desligou o relógio e bocejou. O que havia de bom naquele dia? Absolutamente nada. Ela iria para a escola e seria torturada mais uma vez pela imagem do quão perfeitos eram ele e ela juntos. Tão sincronizados, tão malditamente apaixonados. E ela era linda. Linda e maravilhosa. Pelo menos era até trair a confiança de Sally. Até trair a amizade delas, destruir isso por causa de um garoto. Sally jamais perdoaria isso.
Se arrumou, comeu e saiu de casa. Era mecânico. Não era viver, era apenas existir. E ela nem estava assim por causa dele. Era por causa dela. Da traição. Da maldita traição. Se ela tivesse dito, talvez Sally entendesse. Mas se Margoth tivesse dito. E ela não fez isso. Ela simplesmente a apunhalou pelas costas e agora – agora estava feliz. Com ele. Sally queria gritar.
Por favor, ela implorava para si mesma. O odeie. Deixe de gostar dele. Veja-o como um idiota – um idiota que arrastou sua amiga para longe de você, um idiota que te traiu. Mas não adiantava. Era uma mentira. Ele não era um idiota e não fora ele quem a traíra. Fora ela. Sempre fora ela.

Comments
One Response to “[Conto] Sally - Parte II”
  1. Anônimo says:

    Nossa... tadinha da Sally. :/

    E que amiga SAFADA! ¬¬' Merece renegados correndo atrás dela.. u.ú

    [AAA] Eu quero a continuação disso viu??? *eu exigente* u.ú

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