hipocrisia e afins.

Eu realmente não queria importunar ninguém no blog por causa disso, mas chegou a um nível totalmente absurdo que eu apenas não consigo ficar quieta. E nem é preciso ser um gênio pra descobrir o que me irrita tanto.
Política. Hipocrisia. E a droga da falsidade.
Todos estão cientes da greve na rede estadual de ensino aqui em Santa Catarina, mas o que nem todos sabem é a razão que os professores tem de paralisarem suas atividades em protesto ao mísero salário que recebem por quarenta horas semanais, fora o trabalho que levam para casa e os desaforos de alunos mal educados que são obrigados a ouvir e, muitas vezes, sem poder retrucar. Eu posso dizer que apoio porque eu vi e estou vivenciando a situação de perto. Os professores não estão felizes com a situação mais do que o governo, posso garantir. E como há aqueles que tratam isso como férias, há aqueles que saem em protesto e acompanham todas as assembléias e as propostas mirabolantes que o governo oferece.
E agora tem a campanha que está sendo veiculada nas rádios e na televisão sobre o governo não negociar até que os professores voltem para a sala de aula, já que eles supostamente atenderam à todas as reivindicações por eles impostas.
Eu posso dizer uma coisa para vocês que estão achando um absurdo os professores continuarem parados: eles estão certos em não ceder porque a tela que o governo está pintando não é tão colorida assim. Se eles realmente se preocupassem conosco, os alunos, estando sem aulas, eles já teriam implantado o piso salarial (o qual é uma lei federal e não precisaria de toda essa paralisação e reivindicação por parte dos professores) e pronto. Mas não. Eles dizem que estão pagando muito bem. Mas sabe quanto os professores ganham em seus salários como vale alimentação? Isso não chega à cento e cinquenta reais, meu amigo. E eu não estou brincando. Professores foram em sala de aula e ofereceram sua folha de pagamento como prova para quem não acreditasse. Um aluno riu da cara de um professor porque este ganhava mais do que o professor que leciona a mais de dez anos.
Então o governo chega e monopoliza os meios de comunicação para trazer o povo para o seu lado ao invés do lado dos professores. Eles alegam pagar um determinado valor que cobre o piso salarial, mas eles não dizem que tiraram todos os beneficios, como o bônus por regência de classe. Agora eu pergunto, essa é a ideia que eles tem de justiça? Porque para mim, isso é totalmente desigual. Os deputados podem ganhar vinte, trinta mil por mês, mas o governo não pode aumentar o salário dos professores.
É esse o senso de justiça que eles tem.
O governo acha que quanto mais enrolar os professores, mais vai fazer com que eles percam a união entre si. Porque veja bem, os deputados recebem seus salários, mas eles pararam de pagar os professores a partir do momento da paralisação. É o justo, como os próprios professores disseram. Mas quanto mais eles enrolam, mais os professores perdem. E eles tem contas para pagar, filhos para sustentar.
O que o governo está fazendo é cruel. Enrolando, massacrando, arrastando a situação e estendendo-a até que os professores (o suposto lado mais fraco da corda) não conseguirão mais ficar parados e serão obrigados a voltar para a sala de aula. É desonroso e desrespeitoso, além de ser um total descaso humano com os professores e os alunos.
Realmente seria fantástico ver as nossas "autoridades" sobrevivendo com o salário de um professor. Eu queria ver eles supostamente tendo que se alimentar durante trinta dias, almoço e jantar, com cento e cinquenta reais e ainda tendo de lidar com campanhas que agridem a imagem e integridade dos professores, transformando-os em pequenos monstros sem caráter, como se eles realmente estivessem sem a razão na história toda.
Não é bem assim e peço que não acreditem nas mentiras sujas que o governo está expondo em veículos de comunicação. A história é outra e é bem mais injusta do que parece. Como prova de que nós, alunos, também temos nossa voz e podemos gritar mais alto do que parecem pensar, os alunos da escola Miguel Couto, mais precisamente do segundo ano matutino, redigiram um texto para ser enviado à Assembléia Legislativa, juntamente com um abaixo assinado (com número de RG, importante ressaltar) apoiando a causa dos professores e exigindo atitudes rápidas e justas (você pode ler o texto aqui). Se o governo acha que veiculando campanhas errôneas e enganosas vai mexer com a cabeça dos estudantes e mudar nossas convicções, achando que iremos comprar seu ponto como se fossemos idiotas, eles estão realmente enganados. Desculpe decepcionar, mas nós adolescentes não usamos nosso cérebro só para jogar video-game e mexer no computador. Nós pensamos e nós temos opiniões. Nós estamos indo para a escola e estamos vivenciando a situação na pele. Se eles acham que iremos acreditar em qualquer coisa, eles nos tem em muita baixa estima. Não somos burros e não somos estúpidos. Nós também temos voz e é isso que todos sempre parecem desconsiderar. Nós não. Pode ter certeza disso.

Comments
3 Responses to “hipocrisia e afins.”
  1. Olá, Amanda.
    Posso morar em Goiânia, mas vou seguir o manifesto porque apesar de tudo também sou aluna e já passei por problemas como o que vocês estão passando.
    E destaco que me entristece ver os professores tão desvalorizados, pelo governo e pelos alunos (porque também não adianta se os alunos não valorizam) e recebendo bem menos do que eles merecem por tudo o que fazem.
    Por nos ensinarem tanta coisa. Por nos aturarem todo santo dia no colégio. Por tudo.
    E esses fellos de la mama que elegemos que continuam a falar que eles ganham o suficiente para viver... Ah, eles que vão se catar e diminuam os próprios salários e todos esses benefícios que custam tanto aos cofres públicos e aumentem o salário mínimo, invistam na educação e melhorem a situação desses que muitas vezes nos ensinam mais do que nossos pais.
    #prontofalei

  2. Eu já passei por situação parecida com essa aqui em PE. Eu sei como é isso, e é realmente REVOLTANTE.

    Os professores, os mestres, deviam ser vistos acima que qualquer trabalhador. Não estou desvalorizando os trabalhadores, pelo amor. Mas eles só estão lá, porque houve alguém na vida deles que os ensinou a ser o que eles são. Os professores são os nossos guias, são eles que nos mostram os caminhos e as oportunidades. E porque são tratados de modo tão leviano?

    Uma vez, a minha professora de português, a minha preferida, fez essa mesma pergunta na sala de aula. Eu acho que a gente poderia debater essa questão o dia inteiro e nunca iriamos descobrir a resposta. Porque é algo surreal o que esses politicos fazem. E revoltante. A cima de tudo, revoltante.

    Eu já estou seguindo a página, e espero que esses políticos idiotas os escutem.

  3. Unknown says:

    Pois é aqui no DF rolou a mesma coisa. Super tenso tudo isso. E o pior é que nos deixa de mãos atadas. No final das contas não vãos ser os professores os mais prejudicados.
    Quando eles não dão aula quem que fica ainda mais burro? (os alunos. é trágico mais é a verdade. Eles atrasam a matéria, os alunos demoram pra entender o que levaria para entender em um mês e no final todo mundo com nota baixo (me tiro da lista de alunos com nota baixa rs).

    Enfim, atitude...não pode continuar assim =/

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